segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

‘O pequeno Filósofo’, de Gabriel Chalita

              “Prestar atenção” é a maior lição que aprendi com esse livro. Em “O Pequeno Filósofo”, de Gabriel Chalita, um menino e um adulto desenvolvem um diálogo simples, mas profundo e emocionante. Juntos, eles tentam compreender as principais questões da vida.
                O livro é uma releitura da obra de Antoine de Saint-Exupéry, “O Pequeno Príncipe”, um sucesso que vendeu mais de 80 milhões de cópias pelo mundo todo e é a terceira publicação literária mais traduzida do planeta, editada cerca de 500 vezes. Para entender este artigo, sugiro que leia “O Pequeno Príncipe”, não porque um livro tem ligação com o outro, apenas porque Chalita o usou como referência, além do que estamos falando de um clássico da Literatura infantojuvenil e isso não pode passar batido.
                Saiba que “O Pequeno Príncipe” é um livro para crianças, mesmo com toda complexidade existente nos diálogos discorridos entre os personagens. Já “O Pequeno Filósofo” é um conto para adultos. Sem rodeios. O autor trata, na primeira pessoa, de problemas do seu dia-a-dia. Eu li sobre família, tempo, honestidade, caráter, amor ao próximo, perdão, pecados, integridade, sabedoria, relacionamentos, vida, morte. Entretanto, saiba que tudo está na subjetividade da história, por isso, preste atenção em cada frase.
                A vida é uma viagem, sabemos disso. É por esse motivo que o autor decide contar como foi a sua viagem de trem, literalmente, ao lado de um menino que gosta de fazer muitas perguntas.  Entre uma estação e outra, o adulto tem sonhos estranhos e algumas visões que mais parecem alucinações. O momento é de autodescoberta. Em busca de respostas para esses acontecimentos, ele percebe que falta prestar atenção nos detalhes, pois eles são realmente importantes.
                Falar mais que isso é jogar fora a oportunidade de fazer com que você reflita por si só sobre tudo o que está à sua volta. Eu poderia falar muita coisa, sobre muitas percepções que tive ao ler esta obra. Porém, não quero influenciá-lo. Perceba por si só o que é essencial para você.
                Ainda tenho muitas dúvidas sobre a história, mas acho que isso é proposital. Afinal, o que seria de um bom livro caso não continuássemos a escrevê-lo em nossa mente?!
                “Simplicidade era seu tema preferido. O pequeno filósofo, quando não falava, olhava e ria sozinho de coisas corriqueiras. O banal era extraordinário naqueles olhos cheios de esperança. Parecia que ele guardava algum segredo. E que o seu segredo era sagrado. Eu havia me acostumado a conviver com homens cheios de confiança no que diziam. Homens que não conviviam com a dúvida. A certeza sempre me pareceu ignorância. Só os incultos têm tanta certeza, ou melhor, os semicultos. Exatamente. Aqueles que sabem muito pouco e, do pouco que sabem, julgam que sabem muito. Saber muito é outra coisa. É saber que não se sabe. Humildade. Das margens, não se é possível conhecer o rio, ainda mais à noite.”
                Boa leitura.


Por Jhenifer Costa 

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Para amantes da boa música

                Às vezes eu me odeio. Brincadeira, não me odeio não... Mas de vez em quando fico com uma raiva desgraçada de mim mesma. Quando descubro uma música boa, eu a ouço tanto, mas tanto, que enjoo dela no terceiro dia após a descoberta. Exagero. Mas enjoo logo. Eu coloco no repeat e a ouço umas 15 vezes seguidas! Fecho os olhos e fico me imaginando fazendo coisas hilárias ao som da canção, tipo a trilha sonora da minha vida. Não importa se a música é romântica, engraçada, de fossa, de corno, gospel, etc, viajo. Muito engraçado, até. Se estou feliz, triste, com fome, com dores no corpo, etc, ouço a tal da música e tudo fica bem novamente. É claro que no caso da fome, não é no sentido literal da coisa.
                Já reparou como tem música que entra na nossa mente e parece que fala com a gente? Pois é, algumas canções possuem um poder estranho sobre nós. Influencia, confere paz e tranquilidade ao ouvinte. Sobre isso, alguns pesquisadores comprovaram cientificamente que a música nos acalma, anima, ajuda na hora de limpar a casa e marca momentos especiais. As músicas também podem nos influenciar em nossos relacionamentos. Um exemplo disso são os casais que fazem amor ao som de alguma canção, pois acham que isso ajuda a esquentar o clima. Sei lá, a música ajuda a concretizar o que está subentendido.  Por isso é que existem tantas letras românticas, a maioria, de péssimo gosto - fazer o quê, se a maioria dos compositores só encontra inspiração após um doloroso “pé” na bunda.
                 Felizmente, a música pode nos ajudar em nossas capacidades intelectuais e sensoriais variadas. Nosso sistema cognitivo é altamente influenciado pelos sons harmoniosos que tocam à nossa volta. “A música parece ser a forma mais direta de comunicação emocional, uma parte importante da vida humana, como a linguagem e os gestos”, afirma o neurologista Oliver Sacks, da Universidade Colúmbia, autor de Alucinações musicais – Relatos sobre a música e o cérebro (Companhia das Letras, 2007) e Musicofilia (Relógio D’água, 2008).  Isso confirma a teoria de que a música diz o que nós queremos e não conseguimos. É aquela velha história: a pessoa não tem coragem de lhe falar o que sente ou pensa face a face, daí ela pede para você ouvir a música tal. Humm. Percebemos na letra da canção o que jamais ouviríamos dele(a). Ótimo recurso para algumas pessoas.
                Muitas vezes, esquecemos-nos dos personagens de determinados filmes, mas não a trilha sonora. É assim mesmo, tem música que fica na mente e nos marca. Não tem jeito. E vou falar uma coisa engraçada, a letra pode não ser das melhores, nem o estilo, mas, dependendo do momento, ela marca. Veja bem, não gosto de pagode, nem de longe. Porém, certa vez conheci um boy e combinamos de sair. Num de nossos encontros, entramos em um restaurante que ficava numa rua bem movimentada de Sorocaba e, do nada, surgiu um carro com um mega som tocando pagode. A música falava de blá blá blá clichê, blá blá blá esmalte... Gente, ficou na cabeça e eu cantei a música por dias a fio (sem ofensas, pessoal). Toda vez que via o "Fulano", a música surgia no ar.
                 Decidi fazer esse texto porque sou apaixonada por música. Quem me conhece sabe disso muito bem. Sempre estou com fones de ouvido e tenho as minhas playlists sempre prontas para cada momento específico do meu dia. Na minha bio, encontra-se a descrição de uma pessoa que aparenta não viver sem um som e é verdade. Não vivo sem música, falo sério! Tem gente que não funciona sem chocolate, já eu, não funciono sem música. Deus foi bom demais em criar esse tipo de arte para nós.
               
                  Separei dois links especiais para vocês. O primeiro é uma matéria completa sobre música e suas influências em nossa vida, corpo e mente. Aliás, de onde tirei a citação do Dr. Sacks. Abaixo, dois filmes sobre música que assisti e recomendo fortemente a vocês. Aproveitem!



Filme 1)

Não gosto muito de musicais, por motivos de: não gosto dessa palhaçada de todo mundo começar a cantar do nada uma música nada a ver, com uma letra inacreditavelmente óbvia. Entretanto, existe um musical que gosto muito, não pelo gênero, mas pela história retratada no filme. Um dos contos franceses que mais me chama a atenção é a obra “Les Miserables” (Os Miseráveis), de Victor Hugo, publicado em 1862. O livro retrata a pobreza de oito cidadãos franceses em meados do século XIX. O cenário é a Batalha de Waterloo, em 1815, e os motins de junho de 1832. Sem mais delongas, assista ao filme “Les Miserables” (2012), dirigido por Tom Hooper, pois a essência do filme é a música e no contexto em que vivem ela surge para mudar tudo.

Filme 2)


Sempre tento valorizar nossos produtos nacionais, em geral. Não poderia ser diferente com filmes. Minha segunda indicação é um longa que considero clássico e obrigatório para os fãs de "Legião Urbana". "Somos Tão Jovens" (2013), dirigido por Antonio Carlos de Fontoura, conta a história emocionante de Renato Manfredini Jr, enquanto Renato Russo.  Ele vivia em Brasília, no final da ditadura (meados de 1980), e revolucionou a juventude da época (e a nossa) com suas músicas. Renato criou canções que protestavam contra o governo como "Que País é Este", "Geração Coca-Cola", entre outras. Além deste filme, "Faroeste Cabloco" é outro inspirado no artista, só que conta a história da própria música de Renato. Sou suspeita, mas tenho a impressão que suas músicas são mais que simples letras ou melodias. Para mim é uma mistura de filosofia e sociologia numa interpretação sem igual. 




Por Jhenifer Costa 

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Sobre tecnologia e privadas (isso mesmo, privadas)

        Outro dia, fiz uma matéria sobre a facilidade que a tecnologia nos oferece no dia a dia, caso alguém ainda não tenha lido, cliqueaqui. Pois bem, cada palavra dita naquele texto faz sentido e é verdade. Porém, me ocorreu que essa pode ser uma verdade fatal para a nossa geração.
            Pense nisso.
          Recentemente, fui a uma loja de matérias para casa e construção, não porque eu esteja construindo ou reformando, longe disso. Na verdade, é a minha mãe quem adora gastar seu tempo livre procurando o que comprar em lojas desse tipo. Ela sempre entra e fica bisbilhotando as prateleiras, como se precisasse dos objetos que encontra pela frente. Às vezes ela compra, às vezes ela passa vontade. Minha casa é tão cheia de tralhas que não pisamos em chão, pisamos em enfeites, potes, bugigangas. Nesse dia, inevitavelmente, ela conseguiu me arrastar para o seu vício.
                Andando por entre as dezenas de prateleiras, vi algumas coisas tão tecnológicas e caras que jamais teria em minha casa, futuramente. Agora, rapidinho, dividirei um sonho com você. Na minha casa, quando eu tiver uma, não quero cortinas, não quero paredes. Quero uma casa integrada, com bastante janelas, móveis sustentáveis e uma cama bem grande, no chão. Eu quero uma parede decorada com todas as fotos que consegui tirar na minha vida dos bons momentos que tive com a família e amigos. Não quero guarda-roupas, pois quero ver tudo o que tenho pendurado numa arara, para ser mais prático. Ah, não posso esquecer de mencionar que quero panelas coloridas, um forninho elétrico vermelho e um porta-tempero bem diferente.
                Eu fico imaginando as minhas visitas dormindo em colchões espalhados pela casa, será uma cena linda e cômica. Mas esse é um sonho tão louco e incomum que não encontrei nada que se encaixasse na descrição acima na loja em que eu estava. Então fui perguntar para a vendedora se lá tinha a tal da arara. Foi engraçado. Ela me disse que eles não vendem esse produto porque ninguém usa esse tipo de “coisa antiga”. Cretina. Eu fiz uma cara de “então está bem” e fui saindo.
                Caramba, fiquei curiosa com a resposta dela e voltei. Pedi para ela me mostrar o que havia ali de mais tecnológico para banheiros. Ela me olhou dos pés à cabeça. Foi até constrangedor e antiprofissional. Ela deve ter me imaginado usando o banheiro. E você, por favor, não imagine. Por fim, ela me mostrou um “zilhão” de coisas, fez um blá blá blá que eu não lembro nadica. Ai, vendedoras. Quando acabou a falação, a agradeci pelas informações e fui saindo. Contudo, ela fez um comentário interessante, que vou repetir exatamente como foi dito: “Hoje em dia, o foco é a tecnologia pra tudo e todos, até na hora de usar o banheiro”.
                Foi o que meu amigo e cunhado José Ricardo comentou comigo também: “A palavra tecnologia engloba tudo o que conhecemos hoje, desde celulares até uma geladeira”. Ele fala isso com propriedade, pois estuda Ciências da Computação e compreende a técnica e teoria do que estamos discorrendo aqui.
                Pois bem, isso nos leva ao ponto alto deste texto. De qual forma essa tecnologia toda está afetando nossas casas ou nossas futuras casas? A resposta é simples. A maioria das casas dos moradores das classes B, C e D estão diminuindo, concentrando tudo em poucos cômodos. Parte pela superpopulação, pelo menos no estado de São Paulo, e a outra parte é porque as pessoas não se importam mais com casas grandes, porque as famílias estão ficando cada vez menores. As pessoas passam menos tempo dentro dos seus lares, pois trabalham o dia todo.
                Levando em consideração que o Brasil é um país rico, pois conta com centenas de riquezas naturais altamente rentáveis, cujo valor no mercado exterior é supervalorizado pela qualidade dos produtos, mas também abriga uma das nações mais pobres do mundo (cerca de  200 milhões de habitantes), podemos encontrar algumas respostas. Pense. Portanto, ressalto apenas duas que julgo serem importantes: nossas casas vão diminuir mais ainda, pois essa geração e as próximas só pensam em carreira profissional e sucesso financeiro, família estará sempre em segundo plano, consequentemente, casas grandes não serão cogitadas. Segundo, a tecnologia deu lugar a um mundo novo de sonhos e planos. Não existe mais espaço para pessoas que sonham com sítios, lareiras, fornos grandes e casas com quatro quartos. Isso ficou no passado, com nossos avós. Hoje, a maioria dos jovens quer viver num lugar pequeno e confortável, de fácil acesso aos shoppings e às ruas movimentadas de grandes centros urbanos. Confesso, eu também quero isso. Mas será que é pedir demais querer isso, só que numa casa estilo porão reformado?!
                Estamos mudando. Estamos permitindo que coisas importantes desapareçam da nossa vida, por exemplo, uma boa varanda sombreada por uma grande árvore na calçada.
                Obviamente, a tecnologia tornou-se algo necessário. Admito. Mas até as privadas precisam ter sensores que checam a pressão arterial e a temperatura do corpo, além de medir quantidade disso e daquilo? Gente, cadê a paz na hora de usar o banheiro?!


                Não estou conseguindo lidar muito bem com isso, rs. 

Por Jhenifer Costa