segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

O Cinema Cristão no Brasil e a história de Regis Terencio

A indústria cinematográfica cristã está crescendo cada vez mais no Brasil. O ator, produtor e roteirista, Regis Terencio, é um dos percursores de histórias bíblicas e inspiradoras no país.

Por Jhenifer Costa

          Provavelmente milhares de pessoas no Brasil e no mundo já assistiram pelo menos a um filme com alguma mensagem inspiradora ou baseado em uma história bíblica. A indústria do cinema cristão está caminhando para se tornar um segmento lucrativo, principalmente nos EUA. No Brasil, o objetivo é o mesmo, porém, a longo prazo. De acordo com a revista The Economist, o longa cristão com a maior bilheteria da história foi “Os Dez Mandamentos” (1956), arrecadando mais de um bilhão de dólares. Depois deste fenômeno, nenhum outro ultrapassou a marca de 800 milhões de dólares. 
            Estes números podem até parecer altos, mas se comparados a um filme de sucesso do gênero ficção científica, por exemplo, surpreende. A superprodução dirigida por James Cameron, “Avatar” (2009), distribuída pela 20th Century Fox, arrecadou a maior bilheteria já registrada de quase três bilhões de dólares no mundo.
            Nos últimos meses, o filme “Deus Não Está Morto” (2014) despertou mais uma vez a indústria cristã mundial, lucrando quase 20 milhões de dólares. O filme fez tanto sucesso entre o público alvo, que o diretor do estúdio Pure Flix, Michael Scott, pretende fazer uma sequência, com lançamento previsto para 2015. Além deste, outros produtos recentes também fizeram sucesso, como “Nóe” (2014), da Paramount Pictures, com um faturamento total que ultrapassou 300 milhões de dólares.
            Já no Brasil, os dados não são tão altos. O ator, roteirista e produtor, Regis Terencio, 27, trabalhou em diferentes estúdios, inclusive em outros países, e acredita que isso acontece no Brasil pela falta de recursos financeiros oferecidos pelos patrocinadores para esse tipo de filme. “O cinema brasileiro, no geral, tem dado passos largos e cada vez mais filmes são produzidos. A qualidade está sendo aperfeiçoada com a prática”, pontua Terencio.
            Muitos dos filmes cristãos que são produzidos anualmente não são exibidos no cinema, a maioria é distribuída em DVDs para serem reproduzidos na TV. São filmes de financiamento independente, de baixo custo e com pouca divulgação por parte dos produtores. Sobre isso, Terencio opina: “Além do Brasil, morei na Irlanda e fiquei alguns meses entre Porto Rico e Estados Unidos. Mas, por mais que você tenha bons mestres, estrutura e equipamentos... não adianta, o melhor lugar pra aprender e fazer cinema é nos EUA. Eles têm a indústria cinematográfica mais bem sucedida do mundo e já fazem isso há muito mais tempo que a gente”, admite.
            Terencio também é administrador de uma das páginas mais visitadas sobre o assunto na internet, Cine Cristão (WWW.cinecristao.com). Com base no feedback obtido pelos comentários e críticas que recebe dos internautas, ele acredita que um dos pontos fracos do cinema cristão no Brasil é a falta de apoio financeiro por parte dos telespectadores. “Estamos engatinhando ainda, tanto em qualidade técnica, quanto em histórias bem contadas. E, apesar de haver tolerância, as pessoas sentem isso. O que se esquecem é que é preciso muito dinheiro para produzir um filme e, que para poderem ver filmes melhor produzidos, precisa haver mais investimento”, assegura o ator.
            O dono da produtora “Big Puddle Films”, Jason Satterlund, produz longas e curtas cristãos há mais de 13 anos nos EUA. Atualmente, ele reside em Portland, Oregon. Durante sua carreira como produtor na indústria cristã, Satterlund sempre acreditou que o mais importante é “fazer um trabalho com muita qualidade, independente dos recursos”. Entre seus projetos mais conhecidos, está a série cinematográfica “The Record Kepper”, que é baseada no livro “O Grande Conflito’, de Ellen White.
            A série fez um sucesso nos EUA e, principalmente, no Brasil. Parte do retorno obtido foi pela grande produção cinematográfica envolvida na concepção da série. De acordo com Satterlund, outro ponto importante é ter apoio dos financiadores e também do público que assiste o resultado final. Ele já dirigiu e produziu projetos para Bom Jovi, Warner Brothers, CNN, entre outros. A partir desse panorama, ele afirma que o sucesso do cinema cristão depende exclusivamente da qualidade envolvida no desenvolvimento do projeto, pois faz com que as pessoas tenham cada vez mais interesse em assistir o gênero.
            “Estamos no caminho certo. Vejo que o avanço na quantidade e qualidade de produções nacional tem um progresso muito acelerado ao ponto de que daqui cinco anos iremos olhar para trás e parecer que passaram décadas e décadas de evolução”, sonha Terencio. Para ele, existem bons atores, bons produtores e pessoas que podem ajudar a fazer com que o cinema cristão no Brasil cresça cada vez mais. Entretanto, é necessário trabalhar bastante para isso.  

Campo para atuação
            Com o crescimento da indústria de filmes cristãos, também aumentam as vagas para atores interessados no país. Regis Terencio começou a atuar aos nove anos, quando participou de um filme publicitário para a empresa que fabrica sorvetes, Kibon. No início era um hobby, tanto que acabou cursando Comunicação Digital pela Unip, em Campinas. Construir sua carreira foi bem complicado. No começo ele sonhava em trabalhar no cinema americano e foi ao exterior aprender inglês.
            “Quando fui à Irlanda eu não tinha mais do que o dinheiro da passagem e do curso de Inglês. Cheguei a comer com mendigos irlandeses e pegava moedas nas ruas, até que consegui um trabalho. Depois que o Inglês estava bom o suficiente, comecei a fazer um curso de cinema”, lembra Terencio. Segundo ele, esse caminho foi imprescindível para chegar onde está hoje. “Filme sempre foi o meu objetivo. Especificamente, queria trabalhar como ator em filmes cristãos”, complementa.
            Chegando ao Brasil, em 2010, Terencio se deparou com um problema. “Se já não existiam tantas produções ‘seculares’ no país, imagina filmes cristãos”, observa. Foi então que ele decidiu atuar, produzir e roteirizar histórias bíblicas e inspiradoras para o cinema brasileiro. Entre seus trabalhos mais recentes, está o filme “Labirintos Internos” (2014), produzido pela Ponte Filmes, onde ele foi o ator principal. Um dos seus trabalhos mais reconhecidos como ator é o curta “Abound” (2013), lançado em Hollywood. O filme ficou entre os finalistas no 168 Film Festival deste ano, como melhor curta-metragem na categoria.
            Atualmente, Terencio participa de diversos festivais de cinema cristão no mundo. Recentemente, foi convidado para falar sobre seus projetos e carreira no Gideon Film Festival, um dos maiores eventos que premia os melhores filmes cristãos nos EUA. “Subi no palco e, durante cinco minutos, fiz um discurso inspirador. Eles riram quando era para rir e bateram palmas no final, então acredito que gostaram”, conta o ator. Seus passos são calculados e ele acredita que “é preciso ser visto para ser lembrado”.
            Além disso, Terencio organiza workshops e palestras em todo o país para futuros atores e interessados na área. “Hoje, além de compartilhar meu testemunho, também palestro sobre co-produções brasileiras, aprovação de projetos através de incentivos culturais da Ancine e atuação para filmes”, menciona.
            Entre seus próximos projetos, está o longa “E o milagre aconteceu”, que está em fase de pré-produção e conta com um elenco experiente de atores brasileiros como Andre Ramiro, Karen Junqueira, Oscar Magrini, Carlos Casagrande, Luigi Baricelli e Regis Terencio. Além deste filme, Terencio está envolvido na sequência da série “The Record Kepper”, “The Planet Tender”, que será produzida pela The Puddle Films, em 2015.
         “Filmes cristãos são recursos poderosíssimos para transformar vidas e alcançar aqueles que jamais seriam alcançados de outra forma”, finaliza Terencio. Com esse propósito, ele pretende continuar trabalhando com o cinema para levar uma mensagem de esperança às pessoas do mundo e, principalmente, do Brasil.

Facebook Regis Terencio: www.facebook.com/registerencio
www.theplanettender.com 
foto: Família Coelho
texto: Jhenifer Costa 

Um comentário:

  1. O mundo do cinema so' tem a ganhar com os filmes biblicos ou simplesmente mensagens crista que de alguma forma toca no coracao das pessoas. Obrigado pela bela materia.

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