Introito: A duração
média de um abraço é de três segundos. Geralmente, abraçamos rapidamente as
pessoas com medo dessa demonstração de afeto tão grandiosa. Mas, quando um
abraço dura vinte segundos ou mais, acontece algo fantástico com o nosso corpo!
Esse abraço sincero produz um hormônio chamado oxitocina, conhecido
popularmente como hormônio do amor. Tem efeito terapêutico, nos ajuda a
relaxar, nos dá segurança e acalma nossos medos e ansiedades. Um abraço
sincero, que dure mais de vinte segundos, pode mudar o dia alguém.
Não tem nada melhor que receber
um abraço apertado. Aliás, melhor, só se for um abraço demorado e doado por
alguém que amamos. Já recebi abraços tão intensos, que consegui captar os
batimentos cardíacos da pessoa. Por um instante, achei que estávamos pulsando
no mesmo ritmo. Recentemente, pesquisei sobre o poder de um abraço verdadeiro,
e a conclusão que cheguei, de acordo com dados científicos, é que um abraço
pode até curar as doenças da alma e do coração. Sim. Inacreditável!
Costumeiramente, abraçamos e
somos abraçados por no máximo três segundos. A psicologia revela que quanto
mais perto estiverem os quadris da dupla, mais intimidade essas pessoas têm
entre si. Porém, o detalhe mais importante sobre o abraço é o seu tempo de
duração. Quando um abraço dura vinte segundos ou mais, acontece algo fantástico
com o nosso corpo! Esse abraço sincero produz um hormônio que corre pelo nosso
sangue chamado oxitocina, conhecido popularmente como hormônio do amor. Tem
efeito terapêutico, nos ajuda a relaxar, nos dá segurança e acalma nossos medos
e ansiedades.
Por incrível que pareça, são
pouquíssimas as pessoas que abraçamos por mais de vinte segundos na vida.
Podemos abraçá-las muitas vezes dessa maneira ao longo dos anos, porém, a soma
média dos “abraçados” não ultrapassa os dedos de uma mão. Eu, por exemplo, fui
abraçada e abracei oito pessoas durante a minha vida inteira por mais de vinte
segundos. Em todas as vezes, estava tomada por algum tipo de forte emoção. A
ação comprova que nem sempre palavras são suficientes para expressar o que
sentimos, por isso existem os abraços.
A gaúcha Nathália Lima, que
estuda e mora durante a maior parte do ano em Engenheiro Coelho, interior de
São Paulo, conta que “os melhores abraços são os de reencontros. Senti e sinto
isso toda vez que abraço e reencontro os meus pais. Sempre é reconfortante, como
retornar ao porto seguro”. Sou obrigada a concordar com ela, os abraços de
reencontros, por menos tempo que durem, são sempre intensos, inesquecíveis. Ela
tem data marcada para dar abraços como esse nos seus familiares, já a
sorocabana Nicole Caroline, confessou a mim uma experiência única que viveu com
seu atual esposo. “Lembro-me exatamente como aconteceu. Numa ocasião, quando
ainda namorava o Rogério, ele foi a São Paulo e ficou por lá durante um mês,
isso bem no começo do nosso relacionamento. Finalmente, o abraço foi tão
maravilhoso quando nos reencontramos! Um milhão de emoções. Senti muita alegria
em tê-lo novamente. Naquele abraço, o senti me dizendo que nunca mais me
deixaria com saudade”, compartilha Nicole.
Há muitos que recebem abraços
incríveis de amigos também, esses, nos proporcionam emoções diferentes, não
menos grandiosas que as citadas acima. Amigos verdadeiros são raros, abraçá-los
então... tornou-se um ato difícil, quase extinto, já que vivemos numa era onde
os relacionamentos interpessoais são “alimentos” por meio das redes sociais. Até
o nosso tempo foi prejudicado com a falsa ilusão de aproximação dos nossos
amigos proporcionada pela internet. A pressa ligada à interatividade da
comunicação constrói relações puramente superficiais. Não temos mais paciência para
coisas artesanais, demoradas. Chego a pensar que a rapidez dos nossos abraços é
reflexo da modernidade que estamos vivendo, numa era onde nos preocupamos mais
em “ter” do que’ ser”. Ter mais amigos no Facebook,
do que ser mais amigo, entende? Por isso, ainda sou o tipo de jovem que manda
cartas, que faz ligações e que combina de encontrar velhos amigos no parque. No
fundo, tenho medo de perder essa humanidade que nos difere das máquinas.
Felizmente, ainda existem jovens
que preservam esse tipo de contato. Julio Pereira viaja no tempo ao contar um
momento em que precisou abraçar um amigo como nunca antes. “Meu amigo Cristiano
estava sozinho na véspera do Natal, em São Paulo. Foi a primeira ceia natalina
sem o pai dele, que falecera há pouco tempo. Sabe, ele pediu a minha presença e
como ele é um grande amigo fui visitá-lo. Fui recebido e dispensado com um
abraço marcante. Foi um agradecimento por eu ter ido vê-lo. Senti muitas
coisas, como gratidão e a prova de uma amizade verdadeira. Coisa de Deus!”, reconhece.
Aliás, abraço só pode ser coisa de Deus mesmo, impossível não ser! Imagino que
Ele já sabia como seria nossa vida e criou o abraço para ser o remédio da alma,
para nos ajudar a seguir em frente, quando estivermos desesperados.
Certa vez, quando ainda era
criança, desobedeci meus pais numa regra simples que eles haviam estabelecido
para mim. Obviamente, me arrependi e estava sofrendo as consequências da minha
decisão de não fazer o que era certo. No entanto, estava absolutamente
perturbada com a ideia de que minha mãe ficasse chateada comigo por não ter
feito o que ela queria. Lembro-me de que no mesmo dia havíamos ido a igreja. No
meio do culto, senti um aperto no coração quase insuportável e então, chorando,
disse que precisava conversar com ela no banheiro, mas tinha que ser naquele
momento. Eu levantei e sai e ela foi logo em seguida. Ela chegou e eu nem falei
nada, não pedi desculpas, mal olhei nos olhos dela. Apenas a abracei e ela
retribuiu. Não sei ao certo quanto tempo ficamos ali, mas certamente foi muito
mais que vinte segundos. Não importa quanto tempo passe, eu nunca vou me
esquecer daquele abraço calmante, amável e cheio de perdão.
Podemos até
tentar reproduzir esses abraços, bem como os momentos, mas isso é impossível,
desculpe-me por desapontá-los. A vida é feita de momentos únicos, você deve
saber. Para a felicidade dos seres carinhosos, enquanto produzo esse texto
penso que milhares de pessoas espalhadas pelo mundo estão esperando serem
abraçadas. Não necessariamente por mais de vinte segundos, apenas três. Está na
hora de praticarmos amor com o nosso próximo, que pode estar bem mais perto do
que imaginamos. Mas lembrem-se: “O abraço é uma coisa tão séria que não se
empresta, se dá”, como disse a escritora Marla de Queiroz.
Agora, você entende porque um
abraço sincero, que dure vinte segundos ou mais, pode mudar a vida de alguém?
Por Jhenifer Costa